domingo, 3 de março de 2013

São Paulo cheira a bosta ou Cus sem banheiros


Ah, São Paulo seu odor de merda ao sol ou dissolvendo sob a tempestade, como dizem 15 mil mendigos indigentes craqueiros sem teto sem casa e sem banheiros, há sempre um cu defecando na calçada, vejo os ratos passeando na praça Padre Antônio da Nobreza rumo ao Pátio do Colégio, Cagam na porta do tribunal de justiça, cagam na entrada do palácio da justiça, calças e camisas lavadas na água turva da Sé são secas na saída de ar do metrô, são fantasmas de vento representando os anulados, as crianças sorrindo loucas de crack fedendo a bosta de urina, o envangélico pensando nas pregas do cu de Cristo anunciam a salvação por alguns trocados, os policiais comendo coxinha, lá vem o mendigo vestido de papelão outro de plástico outro farrapo, a parada dos nóias á procura da pedra, a velha desumanizada comendo no caso de lixo algo podre, as calçadas amareladas de diarréia...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Você foi, como se diz? cavar nuvens

Evoé...
Vá cavar nuvens, minha bela
Você nasceu para as alturas e o sempre.

                                   Olha que a metafísica sempre lhe caíu bem.
Taí, Thaís
               Eu fiz nuvens de algodão, sopra... só para ti.

(12/11/11 - 04h39

terça-feira, 19 de abril de 2011

em face vê-se, face a face

 Quero ver assim: as coisas deixando de ser coisas e sendo outras coisas como: espelho quebrado com creme dental e poeira no mesmo lugar do espelho, mesmo quebrado, sendo espelho. Vejo-me assim, em partes, mesmo estando inteiro ou nao. ..hoje entre prédio, uma fenda, olho: saltou a lua cheia, quase cai de susto "ainda existe lua..." e de tão grande o horizonte parece está  na esquina ou é o Céu que está cinza...





Autoretrato em espelho partido - quadro ao fundo: Rossiley Ponzilacqua - Predios tontos

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A saída é...!


A saída é
entrar
                                 de sopetão
arrombar
a entrada principal

domingo, 5 de dezembro de 2010

Da primavera que nem veio ou Borboleta azul


Mandame Butterfly regava a amoreira repleta de lagartas multicores e dizia: veja, que belas borboletas. não vi borboletas, me vi com frasco de polietileno de álcool e fósforo à mão, belas borboletas metafísicas com asas de fogo pairaram no céu violáceo. Vi Jan Saudek fotografando os corpos surrados da Augusta, no olhar a essência da angustia: Névoanada! Lautreamont saí da passagem subterrânea da Roosevelt com seus novos manuscritos na mão, cenas da mais pura poesia e essência humana: a criança branca devorada por ratos cinzas no ralo  sujo da história, os sacis sem cérebros que vagam cidade a fora, hienas urbanas promovendo arrastão em pró das pedras. praça quatorze bis, berço braço de sonhos naufragados, os gêmeos eternamente rescenascidos para o nada e sempre, tão magros que mortos pareciam vivos, por três semanas à luz tênue da noite sua mãe as ninou. Ouço marcelo ariel e joe lendo tratado dos anjos afogados. ouço a lagarta comendo as folhas da amoreira, olho; como é feia. Ela nem liga e segue sendo lagarta em folha de amoreira até deixar de ser e ser outra coisa como borboleta. Voa, vai! assim sai as cores da asa da borboleta, em pleno vôo como uma explosão. Madame Butterfly sorri e voa...

Foto: Intima visão de um corpo surrado
João Pirahy & Flávia Spinardi

domingo, 22 de agosto de 2010

Nós ou abismo




“Vão! Partam! Disse os pássaros:
0 gênero humano não suporta tanto a realidade”
                                 T. S. Eliot
Nós... ou Abismo
                                                                                                     

Ela é indefinida. Indefinida ou indefinível? Digo indefinível. É isso, talvez ela só goste das pessoas, ame a essência; independente do sexo. A essência? Sim, a essência. Mas nossa essência é a água. Como água? Somos 70% água, o diluidor universal, nos diluímos no mesmo líquido. Quando morremos, secamos. Não! Digo que ela ama o âmago, não a matéria. A essência da matéria humana é a mesma, é instável, seca no fim. Muitos já secaram em vida. Ah, então somos um poço e ela busca o que está além da superfície, ela anseia pelo fundo do poço? É, pelo fundo, muito além da superfície, aquém da borda. Há copo que simula ser poço, e ela? Ela deseja alçar ao fundo do poço? Talvez... ou uma descida suave até lá. Mas e o fundo, o escuro... ela ousa olhar? Não! E por que ir até lá, ao fundo? O fundo não se olha! Sente-se... Ah, quer dizer que o fundo pode está na borda? É, a borda e o fundo na verdade não importam, o importante é sentir. Por que está história de superfície e fundo? É que o fundo pode ser mais vazio que a superfície, ela vendo o fundo pode crer que está na borda, mas nem sempre há fundo. Há poço que é poça seca! E ela? Ela segue à procura do fundo, talvez só tema o abismo. E o que há lá de tão temerário? Só se sabe indo. Como se chega lá? Indo...caminhando...se perdendo e se achando na fissura. Quantos de lá retornaram? De lá...não se volta! É por isso que ela teme o abismo? Não, não se volta como foi, o outro fica. Volta-se outro. Ah, então é a mudança que causa medo? É o novo...o velho insiste em não morrer. Vamos? Para onde? Ao abismo. Juntos? Não, cada um para o seu.


Foto:Marcelo de souza
foto.filme@hotmail.com

sábado, 3 de abril de 2010

Dentro da noite veloz ou o nada elevado a categoria de diálogo


A multidão, dentro da noite veloz, desce a Augusta, como câncer crescem os buracos da calçada, até calçada e buraco tornarem se uma coisa só. Vejo o vulto de Caio Fernando Abreu pulando amarelinha com Cortázar ou pulando os buracos, Baco bebado trança as pernas, desaparece na escuridão, o umbral dos loucos não para nunca. Vejo Andy Warhol, o horror da superficilidade de sua obra elevada ao que não é: obra. Elevemos, daqui por diante, o Nada a categoria de diálogo, confissões publicas sussurradas das bocas de lobos, em tom de segredo, num canto escuro da esquina do mundo, em decubito dorsal entre sacos pretos de lixo, a pele branca o cabelo branco o saco preto do qual sai sua cabeça de mulher, com um caqui rubro esmagado entre as mãos brancas, a boca lambuzada de caqui, comia como um dócil bicho, o bom engraxate e a caixa dos milagres da qual brota de tudo, o semáforo... suas luzes decorativa despresadas por grupos de skatistas noite adentro, Augusta abaixo, um skatista sobre o skate, arrastando uma mala com rodinhas, Augusta adentro, Dali adoraria a cena. Salvador como é acrescentaria à cena semáforo e os postes postos nas entranhas.

Foto: Roberto Assem
www.robertoassem.com.br