domingo, 22 de agosto de 2010

Nós ou abismo




“Vão! Partam! Disse os pássaros:
0 gênero humano não suporta tanto a realidade”
                                 T. S. Eliot
Nós... ou Abismo
                                                                                                     

Ela é indefinida. Indefinida ou indefinível? Digo indefinível. É isso, talvez ela só goste das pessoas, ame a essência; independente do sexo. A essência? Sim, a essência. Mas nossa essência é a água. Como água? Somos 70% água, o diluidor universal, nos diluímos no mesmo líquido. Quando morremos, secamos. Não! Digo que ela ama o âmago, não a matéria. A essência da matéria humana é a mesma, é instável, seca no fim. Muitos já secaram em vida. Ah, então somos um poço e ela busca o que está além da superfície, ela anseia pelo fundo do poço? É, pelo fundo, muito além da superfície, aquém da borda. Há copo que simula ser poço, e ela? Ela deseja alçar ao fundo do poço? Talvez... ou uma descida suave até lá. Mas e o fundo, o escuro... ela ousa olhar? Não! E por que ir até lá, ao fundo? O fundo não se olha! Sente-se... Ah, quer dizer que o fundo pode está na borda? É, a borda e o fundo na verdade não importam, o importante é sentir. Por que está história de superfície e fundo? É que o fundo pode ser mais vazio que a superfície, ela vendo o fundo pode crer que está na borda, mas nem sempre há fundo. Há poço que é poça seca! E ela? Ela segue à procura do fundo, talvez só tema o abismo. E o que há lá de tão temerário? Só se sabe indo. Como se chega lá? Indo...caminhando...se perdendo e se achando na fissura. Quantos de lá retornaram? De lá...não se volta! É por isso que ela teme o abismo? Não, não se volta como foi, o outro fica. Volta-se outro. Ah, então é a mudança que causa medo? É o novo...o velho insiste em não morrer. Vamos? Para onde? Ao abismo. Juntos? Não, cada um para o seu.


Foto:Marcelo de souza
foto.filme@hotmail.com