Nestes dias em que é tudo névoa-nada e o tempo passa o tempo todo as pessoas que passam pelo tempo o tempo todo as tempestades de todos os fins de tarde a água dilui o dia embaça a tarde lava a noite os que vagam noite adentro dia a fora pulando os buracos da calçada a imagem refletida na poça d`água de uma ficção coletiva ou não mas ficção o eterno devir à deriva este umbral dos loucos Augusta abaixo criaturas abaixo das bestas as ninfas se depilando de janela aberta junks putas boêmios os cacos de garrafas nas calçadas o pó que água nenhuma leva os sacos de lixo violados aos milhares Baco logo ali com seu séquito agora vejo um colchão de casal descendo na enxorada a mulher de cabelo de alface sorri com a cena penso em Artaud dormindo sobre este colchão descendo com o lixo na enxorada sonhando com o teatro da crueldade
Foto: Carla Bispo
Tudo diluído pela chuva. E, na Augusta, as tempestades internas se diluem em álcool e lágrimas.
ResponderExcluirgostei muito, amado roberto, da sequencia de "cenas" descritas nestas tuas poucas linhas sem vírgula alguma
ResponderExcluirbeleo texto meu caro, bela foto. Tua escrita é incrível. Ainda bem que os poetas não morreram. Só simularam !
ResponderExcluirabrs!!